Splash Screens – úteis ou não são necessários? – Parte 1

Introdução

O que é um Splash Screen?

‘Splash Screens’, são um tópico muito controverso e têm-no sido desde sempre. Programadores, designers, comerciantes e até mesmo clientes têm estado “em guerra” quando o assunto se trata deste tópico. Mas o que é um ‘splash screen’? A definição corriqueira classificaria um ‘splash screen’ como uma imagem que ocupa a totalidade do ecrã de um dispositivo móvel e que é apresentada por breves instantes. A definição mais técnica seria algo como o seguinte: um ‘splash screen’ é um espaço reservado (placeholder, em inglês) mostrado enquanto uma aplicação é carregada.

Qual o seu propósito?

A definição técnica não está errada. O principal objetivo de um ‘splash screen’ é dar aos utilizadores um feedback imediato de que a aplicação foi iniciada … e de que está a carregar. Este comportamento efetivamente melhora a experiência do utilizador (UX), proporcionando um melhor grau de resposta para o estado inicial de uma aplicação (se uma aplicação leva algum tempo para carregar, mostrando um ecrã preto / em branco vai provavelmente confundir os utilizadores, que vão erroneamente pensar que aplicação está pendurada, bloqueada ou mesmo que não funciona). Esta é a intenção principal de todas as instâncias de ‘splash screens’. No entanto, como com todas as intenções e propósitos, houve quem olhasse para os ‘splash screens’ como uma oportunidade para algo mais do que o seu propósito original. Assim, uma nova e controversa finalidade foi acreditada aos ‘splash screens’: exposição a marcas e logotipos. E assim … eles tornaram-se “malignos”!

História do Splash Screen – A era ‘Desktop’

Os ‘splash screens’ fizeram sua primeira aparição quando os sites Flash alcançaram seu pico. Naquela época, as conexões à Internet eram lentas (conexões dial-up de 56kb) e as aplicações / websites Flash necessitavam de carregar dados, antes de estarem prontas para uso. Como esperado, este tempo era considerável e os ‘splash screens’ tornaram-se uma maneira de mostrar algum tipo de animação aos utilizadores enquanto a aplicação / site estava a carregar. Tal como hoje em dia, os comerciantes chegaram à conclusão que esses ecrãs apresentavam uma oportunidade para expor os utilizadores a marcas e logotipos e esta prática foi adotada pela maioria dos ‘splash screens’ disponíveis na época.
Inicialmente, os ‘splash screens’ assumiram a forma de uma imagem relativamente pequena (para aplicações de desktop) ou ecrã completo (para ecrãs menores, como os dos telemóveis). Mais tarde, o design evoluiu e os ‘splash screens’ começaram a mostrar mais informações sobre o que estava a acontecer em segundo plano, exibindo uma barra de progresso (dando aos utilizadores, pistas visuais importantes sobre o tempo que demoraria o processo de configuração) ou mostrando quais arquivos / acções estavam a ser executadas.
No entanto, o design dos ‘splash screens’ não era a única coisa a evoluir. Conexões de banda larga começaram a tornar-se a norma, mais rápida e mais confiável, melhorando efectivamente as conexões de Internet em geral. A plataforma Flash também foi melhorada ao longo do tempo e os navegadores ganharam a capacidade de lidar melhor com a tecnologia. Todas essas melhorias resultaram em menor tempo de carregamento para aplicações / sites e … no início do fim para os ‘splash screens’.
A queda dos ‘splash screens’ começou com a introdução de botões ‘Skip Intro’. O conteúdo foi sendo carregado mais rápido e as sequências de introdução de carregamento começaram a ser “fabricadas” (os ‘splash screens’ passaram a incluir um atraso definido) para continuar a exibir conteúdos de marketing aos utilizadores. Este facto não foi bem recebido pelos utilizadores que não gostaram de ser barrados por técnicas de marketing e, portanto, os botões “Skip Intro” apresentaram-se como a solução temporária para esse problema. Porquê temporária? Porque mesmo com os botões “Skip Intro”, os utilizadores ainda estavam ser atrasados ​​para entrar na aplicação ou site, mesmo tendo agora uma escolha em assistir à sequência de introdução ou não. O consenso geral foi simples e claro: se um botão “Skip Intro” é necessário, então o ‘splash screen’ era inútil e deveria ser removido.

História do Splash Screen – A era ‘Móvel’

A história repete-se. Este provérbio antigo encaixa-se perfeitamente ao descrever a história dos ‘splash screens’. Assim como na era anterior de desktops, as aplicações móveis começaram a usar ‘splash screens’ quando precisavam de tempo para carregar (por causa de conexões lentas à Internet ou de dispositivos móveis menos potentes) e foram usados para expôr os utilizadores a marcas e logotipos.
A sua evolução foi realizada exatamente da mesma forma pela qual evoluíram nos desktops: desde imagens simples até à exibição de barras de progresso / acções executadas em segundo plano, permitindo aos utilizadores ignorá-lo (‘splash screens’ com um atraso de tempo fixo). Não surpreendentemente, os ‘splash screens’ são agora vistos como desnecessários (na maioria dos casos), pois os dispositivos evoluíram por forma a serem tão poderosos quanto os desktops de classe média e as conexões com a Internet nunca foram tão rápidas.

Os dois gigantes da indústria móvel acreditam que os ‘splash screens’ são desnecessários para a maioria das aplicações:

  • Apple
  • Google
    • Anteriormente, a posição da Google sobre o assunto estava em consonância com a Apple e quaisquer ‘splash screens’ estavam estritamente proibidos. A linha de orientação para os programadores Android era traduzida como “Não utilizar ‘splash screens’.”;
    • No entanto, com a introdução do Material Design, a Google mudou a sua postura e tomou uma mais neutra acerca dos ‘splash screens’, que agora são referidos como … ecrãs de lançamento!
    • Os programadores de Android são agora incentivados a usar ‘splash screens’ em aplicações mais exigentes em recursos (como a própria Google fez com a aplicação do Youtube, por exemplo);
    • A sequência atual de ‘splash screen’ recomendada aos programadores de Android é a seguinte: Ecrã de marca / logotipo -> Espaço reservado da interface do utilizador (placeholder) -> a aplicação em si.

Curiosamente, a maioria dos ‘splash screens’ usados em aplicações móveis foram criados por programadores iOS para as suas aplicações.
A razão para tal é que os primeiros iPhones não conseguiam lidar com um carregamento rápido de aplicações e, portanto, o ‘splash screen’ era necessário. O mesmo pode ser dito para as aplicações Android e os primeiros dispositivos Android. Apesar de ambas as empresas verem os ‘splash screens’ como técnicas de marketing, a maioria dos programadores iOS e Android foram forçados a deixar de lado as diretrizes para favorecer o desejo de seus clientes, o de “empurrar” marcas e logotipos nos utilizadores, quando estes abrissem as aplicações.
Desta forma é garantindo que os utilizadores vejam o seu logotipo sempre que a aplicação for aberta. É por esta razão que os ‘splash screens’ são uma causa constante de dor para os programadores de aplicações móveis e é a razão para a “guerra” entre os diferentes atores envolvidos no desenvolvimento de aplicações móveis.

Diferença entre ‘Splash Screen’ e Imagem de Lançamento

Os ‘splash screens’ não são o mesmo que as imagens de lançamento. Isto deve ser claro e irrevogável, embora a distinção não seja logo clara.
Os designers UX da Apple são os criadores das imagens de lançamento nas quais as Diretrizes de Interface Humana da Apple traduzem como o seguinte: “… uma imagem muito semelhante ao ecrã de abertura da sua aplicação. O sistema operativo iOS exibe esta imagem instantaneamente quando o utilizador inicia a sua aplicação e esta permanece visível até que a aplicação esta esteja totalmente pronta para ser usada. Assim que a aplicação estiver pronta para uso, exibirá a primeira tela, substituindo a imagem de lançamento (placeholder).” Em suma, uma imagem de lançamento é um truque usado para fingir um lançamento rápido, com o objetivo de fornecer a melhor experiência possível para a fase de inicialização da aplicação ao utilizador.
Por outro lado, os ‘splash screens’ não imitam explicitamente a interface do aplicativo, como as imagens de lançamento, mas servem como um espaço reservado para a aplicação enquanto esta é carregada. Este “placeholder” pode parecer completamente diferente do design da aplicação! Na verdade, a única instância em que um ‘splash screen’ pode (e deve) ser confundido com uma imagem de lançamento é quando o ‘placeholder’ tem exactamente o mesmo aspecto que a imagem inicial de uma aplicação.
Conforme mencionado anteriormente, o Material Design introduziu novas directrizes sobre os ‘splash screens’: os novos e melhorados ecrãs de lançamento, compostos pela sequência Ecrã de marca / logotipo, Placeholder UI e, finalmente, o primeiro ecrã da aplicação. Inspecionando atentamente, podemos verificar que o Placeholder UI serve uma finalidade muito semelhante às imagens de lançamento usadas em aplicações iOS. O Placeholder UI deve apresentar o menor número possível de transições e uma resposta mais rápida, exibindo os principais elementos estruturais (como a barra de status, a barra de aplicações e os rodapés) sem conteúdo até que o aplicação termine de carregar. Assim, podemos dizer que um Placeholder UI do Android é o mesmo que uma imagem de lançamento do iOS!

Tipos de Splash Screen

Com estas premissas anteriores, podemos definir que um um ’splash screen’ é um instrumento capaz de lidar com a fase de inicialização de uma aplicação, da forma mais eficiente e breve quanto possível. Também podemos perceber o porquê de os profissionais de marketing os verem como uma técnica para expor marcas e logotipos: uma vez que não há conteúdo a ser exibido, podemos também garantir que o utilizador seja exposto à marca! Esta prática foi inspirada em jogos e (historicamente) por aplicações de desktop, que geralmente têm uma fase de configuração de elevada carga . Não existe uma definição formal para os tipos de ‘splash screen’, mas para aplicações móveis podemos distinguir dois tipos: o ‘splash screen’ baseado em Imagem / Logo e o ‘splash screen’ baseado em vídeo.

Tipo Imagem / Logotipo

O tipo de ‘splash screen’ mais comum que encontramos em aplicações móveis possui algum tipo de imagem. Alguns simplesmente exibem o logotipo da empresa ou da própria aplicação. Outros, mostram imagens decorativas acompanhadas do logotipo.
Na tentativa de melhorar o experiência do utilizador aquando do onboarding das aplicações, alguns ecrãs deste tipo incluirão animações e apresentação de informações através do uso de widgets. Esses widgets traduzem-se em barras de progresso e indicações de texto do trabalho de fundo em progresso.
Este tipo de ‘splash screen’ geralmente é curto, na sua duração.

Tipo Video

Os ‘splash screens’ de vídeo são menos prováveis de serem usados, existindo porém alguns casos em que a utilização de uma entrada de aplicação tão extravagante é uma boa opção (por exemplo, no caso de a aplicação ser personalizada para um evento). Um ‘splash screen’ de vídeo, como o nome indica, reproduz vídeo relacionado com a empresa / patrocinadores ou o objetivo principal da aplicação.
Este tipo de ‘splash screen’ também pode incluir animações e exibir informações através do uso de widgets. Uma vez que o vídeo pode ser configurado para ser reproduzido em loop, este tipo de ‘splash screen’ pode ser estendido para se encarregar de todo o processo de Onboarding de uma aplicação, permitindo mais interatividade do que os ‘splash screens’ do tipo imagem / logotipo mais comuns (por exemplo, exibindo ecrãs de informação, sequências de instruções e tratando da autenticação de utilizadores, etc.).

Paulo Ribeiro

paulo.ribeiro@simdea.pt
Hardworking and passionate individual keen on learning and clearing any challenges coming his way.
Working in such a fast paced industry as Application Development, Paulo always aims to try and learn new technologies and new ways to perform his work, either through optimization or efficient process management. He is always open to embrace projects as long as they represent a brand new challenge and learning experience for him.

One Response to “Splash Screens – úteis ou não são necessários? – Parte 1

  • Francisco Aragão
    7 years ago

    What an amazing and instructive article. Keep up the good work!

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